Depois dessa história toda das coletas, chegou o grande dia da internação. A princípio eu já sabia que ficaria em torno de um mês no hotel…
Ops!, no hospital! Mas, eu não tinha ideia de como seriam cada um destes dias. Não fazia ideia de como seriam as madrugadas, as manhãs, as tardes, as noites, e as madrugadas novamente; neste ciclo, quase que eterno, de 27 dias.
Mesmo sabendo que os próximos dias não seriam fáceis, o primeiro dia foi realmente como me hospedar em uma hotel. Arrumar minhas coisas no armário do quarto do hospital, receber a primeira alimentação, tomar um banho para relaxar e me preparar para os dias que viriam.
(Dia 2 de setembro de 2014)
Sabe aquela mistura de ansiedade e medo? Ansiedade para que os dias passassem voando, feito relâmpago, na esperança de que eu pudesse vivê-los sem ao menos senti-los. Essa foi a primeira expectativa frustrada, afinal, senti cada incômodo na pele e na alma, ouvi atentamente cada som e gravei na minha mente cada paladar. E o medo do desconhecido era o que me dava o anseio de sair correndo dali, afinal eu não sabia quais seriam os efeitos, as dores, os odores e os sabores.
Não tinha como! Foi como estar em um beco sem saída, foi, literalmente, estar em um quarto sem porta livre, sem acesso para a fuga. Creio que muitas pessoas partilham desse sentimento em meio aos seus problemas, aparentemente ou temporariamente, sem solução. Muitos se sentem amarrados em uma camisa de força diante de uma dor imensa na alma, a perda de algo precioso em sua vida. Talvez, o desespero seja tamanho, que é capaz de sugar todo o ar dos nossos pulmões.
Mas, muito antes disso tudo acontecer, eu já estava sendo preparada, treinada como um soldado em dias e noites a fio de treinamento. Eu sabia que o que vinha pela frente era uma ‘guerra’ CONTRA meu próprio corpo e PELO meu próprio corpo. A glória de um soldado é levar a vitória para o seu país.
E eu sabia que, não interessaria o resultado, passar por um sofrimento seria levar a glória a quem é digno de receber. Semelhante ao que Paulo escreveu:
“Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.”
Romanos 8:17
Muitos depositam a expectativa de que a glória de Deus só se revela através de milagres de cura, sendo que há a manifestação da glória de Deus enquanto Ele é o único capaz de sustentar o ser humano diante de um sofrimento.
Pode parecer radicalismo, mas meu maior anseio era: “Trazer sempre em meu corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em meu corpo.” (Versículo adaptado) 2 Coríntios 4:10
Afinal, pode meu sofrimento ser maior do que aquele que Jesus escolheu sofrer por mim, por você?
Meu sofrimento pode ser tamanho que Deus não possa me sustentar?
Lindo!!! Suas palavras me inspiram a continuar lutando contra o linfoma! E vamos pra guerra!
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