Depois de 8 meses de quimioterapia, uma cirurgia de retirada do ápice pulmonar, mais 4 meses de quimioterapia e o Transplante de Medula Óssea Autólogo, você pode tentar imaginar o desespero de abrir um exame e ver que o ‘maldito’ continua ali?

Para alguns poderiam ter sido 2 anos desperdiçados e jogados no lixo, afinal, o tratamento não teve o resultado esperado. Mas, tudo o que consigo ver hoje é que eu não seria quem sou se esse deserto não tivesse, e ainda tem sido, a melhor escola que já tive.

Entretanto, a vida real está bem longe das novelas. A teologia da prosperidade também pode estar caminhando em sentido oposto ao verdadeiro Cristianismo.

Não é porque creio em Deus que viverei até meus 90 anos sem doença alguma, sem mal algum me atingir. A tempestade vem para todos, forte, barulhenta, violenta e amedrontadora.

Jesus já havia avisado: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”. João 16:33

Mas, foi exatamente assim que vivi meus dias de 17 de novembro até 25 de novembro de 2014, no turbilhão de uma tempestade.

Entre o dia da má notícia e o dia da boa notícia existe um caminho a percorrer!

Eu não posso mentir, em todas essas etapas eu sempre permaneci crendo no agir de Deus e em cada promessa de Deus para minha vida.

A fé sempre me levou a ver o tesouro no final do arco-íris.

A fé sempre me levou a enxergar a luz no final do túnel.

Mas, depois de tantas tentativas, confesso que fraquejei, minha fé de que o melhor de Deus poderia vir se abalou. E as dúvidas começaram…

E se eu morrer?

E se não tiver mais nenhuma opção de tratamento?

E se o médico me der meses de vida?

E as promessas de Deus? E as Palavras que Ele me disse? O que faço com elas?

Onde está Ele para me acalmar?

A minha maior dor nunca foi em pensar na morte. Na verdade eu nunca pensei na possibilidade de o fim desta história acabar com minha data de nascimento e falecimento em uma lápide. Eu nunca temi a morte, pois ela é o caminho de todo o ser vivo. Afinal, o ser humano já recebe o diagnóstico de morte desde o seu nascimento.

Como dizem:“Basta estar vivo para morrer.”

Mas, nesta semana de novembro de 2014, entrei em uma estrada de terror em que meus pensamentos eram preenchidos por vozes que me sugestionavam a crer que a morte estava perto. Eu tentava abafar essas vozes, mas o meu coração sangrava em pensar em como seria a vida dos meus familiares se eu morrer? Minha família não depende exclusivamente de mim, mas eu me antecipei sofrendo com a dor que o luto poderia causar na vida deles…

E neste caminho andei por longos dias e noites.

Até que…