Normalmente, nós só temos curiosidades por coisas que nos atraem ou, por algum motivo, por coisas que passam a nos apresentar alguma necessidade.

No meu caso, eu já havia ouvido falar sobre a máscara utilizada durante o tratamento de radioterapia, mas não expressei a maior curiosidade em saber detalhes, afinal eu não tinha previsão de utilizar a radioterapia como mais uma medida de tratamento. Até que a radioterapia passou a ser necessária, então lá fui eu buscar todas as informações sobre este tratamento, e assim, dei de cara com a tal máscara.

No post anterior eu já falei sobre a finalidade da máscara durante a sessão de radioterapia (LER), que é simplesmente fixar nossa cabeça na mesma posição, e consequentemente alinhar nosso corpo também. Mas hoje, em especial, eu quero falar sobre a SENSAÇÃO de usar a tal máscara.

À princípio o uso da mesma apresentava ser algo bem tranquilo mas, para quem já a usou, a descrição da sensação dada por estes caracterizava mais um tipo de claustrofobia. Até que chegou a minha vez e eu pude tirar minhas próprias conclusões…

Foi inevitável, mas no instante em que ela foi colocada sobre meu rosto eu me lembrei do filme “O homem da máscara de ferro”, com Leonardo Di Caprio; e se você assistiu este filme vai me entender. ‘Se já não bastasse colocar uma máscara em meu rosto, ela ainda tem que ficar presa?’

Eu me senti uma prisioneira, não com algemas nos pulsos ou bolas de ferro nos pés. Com a cabeça completamente imobilizada eu sentia que jamais sairia dali, e a agonia tentou invadir meu coração! Sim, foi só a primeira vez que eu a coloquei (apenas para fazer a simulação do tratamento), então eu não podia me render ao pânico logo na primeira tentativa, já que teríamos que conviver por 20 dias ainda.

O melhor caminho foi raciocinar. Parar de sentir e pensar com a cabeça. Dar comandos para minha respiração ir diminuindo lentamente, conversar com o coração para ele bater mais devagar e pensar em qualquer outra coisa que não fosse:“Estou presa nessa máscara e quero sair daqui AGORA!”.

(Imagem retirada da Internet)

Afinal, quanto mais falamos com o medo, mais deixamos ele falar conosco, não é mesmo?

Sinceramente, eu nunca tive ‘fobia’ de nada, mas aquela máscara me surpreendeu e ativou áreas do meu cérebro que eu desconhecia.

Pensei que, naquela sala, somente eu poderia exercer o controle sobre o desespero, e em partes, tudo dependia da minha concentração e esforço; mas depois de tentar cantar um pouco, tentar visualizar outro cenário, tudo o que eu sabia fazer era falar: “Jesus, fica comigo! Deus, me ajuda a ficar calma! Pai, não me deixe perder o controle!”

E o que aconteceu?

“De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia.
Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Senhor, salva-nos! Vamos morrer! ”
Ele perguntou: “Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé? ” Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança.”
Mateus 8:24-26

Da mesma maneira que fora relatado este episódio com os discípulos, foi o que aconteceu comigo: De repente, um medo que eu não esperava me assolou. Tudo o que eu podia fazer era chamar por Aquele capaz de dominar as minhas emoções, mais do que eu mesma.

E, reconhecendo meu medo, sabendo das minhas fraquezas, Ele simplesmente foi acalmando meu coração, minha respiração e direcionando meus pensamentos para o seu refúgio de paz, exatamente como fez com os tais ventos e com o bravo mar.

Você já experimentou isso?