Nos dias de hoje ainda existe um certo preconceito, da parte de muitas pessoas, em relação à necessidade de ajuda de um psicólogo. É comum ouvir as pessoas negarem que precisam ir ao psicólogo e logo se justificam dizendo que essa ajuda profissional serve para pessoas desestruturadas, problemáticas e que não sabem resolver seus próprios problemas.
Ou ainda, existe aquele tipo de pessoa cujo, aparentemente, todas as áreas de sua vida vão bem, porém seu comportamento e seus relacionamentos refletem que algo não está bem resolvido consigo mesmo.
Não importa a classe social, o nível de conhecimento ou acesso às informações, muitos se refugiam atrás de seu sucesso alegando não necessitarem deste tipo de ajuda, bem como os que se escondem por baixo de uma grossa carapaça de orgulho.
De certa forma, a visão desta profissão que investe no conhecimento a nível da mente e das emoções precisa ainda ser desmistificada e deixar de ser associada apenas às graves doenças mentais ou distúrbios comportamentais.
Por que estou falando tudo isso?
Ao longo de todos os meus 24 anos eu nunca me achei na condição de necessitar de uma ajuda psicológica; tive uma adolescência tranquila cujos conflitos eram resolvidos entre as rodas de amigas ou nos diretos questionamentos aos meus pais; ao caminhar para a vida adulta (creio que ainda estou nessa transição rs) tive alguns conflitos que sempre pareceram dentro do normal, conforme o estilo de vida que eu tinha, morando longe de casa, fazendo faculdade, etc. Tudo parecia normal!
O câncer apareceu. E mesmo assim eu ainda não havia visto a necessidade de ir ao psicólogo, já que eu estava levando tudo tão bem. O convívio com os amigos (pessoas que acrescentam coisas boas à sua vida), a família, a igreja e meu relacionamento com Jesus eram suficientes para proporcionar uma vida emocional saudável. Creio que este é um dos principais papéis de um psicólogo dentro de seu consultório, nos ajudar a dar passos para uma vida emocional saudável.
Entretanto, chegou o tempo em que eu precisei ficar em isolamento (e esse tempo já está quase completando um ano), e foi aí que chegou a escassez nos relacionamentos. Os encontros com os amigos diminuíram a quase zero, fiquei apenas com as visitas dos mais íntimos. Por causa das crianças, as visitas familiares tiveram que se dividir, e tive que me ausentar dos grandes encontros e saídas.
Enfim, sem a vida social que eu estava acostumada as feridas na alma começaram a surgir, as necessidades emocionais já não eram supridas por completo e, então, decidi que eu precisava de uma ajuda a mais para enfrentar esse isolamento, essa nova condição de contexto de vida. Fora que a rotina médica e as incertezas do tratamento começaram a ser mais um peso a levar, e a luta de tantos anos começou a sobrecarregar minhas emoções…
(No próximo post você saberá mais sobre o meu progresso na terapia…)